São Sebastião, como ademais todo o Distrito Federal, notabiliza-se por abrigar pessoas de outros Estados, ávidos por melhores condições de vida. Poucas pessoas, contudo, têm tanta disposição para buscá-las como Adair Gualberto, morador do Setor Tradicional e originário de Ceres-GO. Mas a busca incansável de Adair não é por dinheiro ou por status. Com mais de 3000 provas de corrida de rua e mais de 300 vitórias nas costas, ele prova que muito mais importante é ter saúde, alegria e boa disposição.
E isto ele tem de sobra: não bastassem as provas nos fins de semana, Adair ainda encara, de segunda a sexta, os 21 quilômetros que separam o seu trabalho, no Ministério da Agricultura, de sua residência, no setor tradicional. Foi assim que o conheci. Em uma de suas meia-maratonas do dia-a-dia.
Todos os dias, ao voltar do CEF São José para o meu lar, no Cruzeiro, eu reparava em um homem de aspecto simples e incrivelmente determinado que corria em direção à ponte JK, com uma mochila nas costas. Geralmente via-o próximo ao CCBB em um passo apertado. Ele não dava a impressão de estar ali apenas a lazer e nem de que estava realizando um treinamento meramente esportivo, apesar do ritmo acelerado que mantinha. Pareceu-me que ele estava unindo o treinamento ao transporte e o esporte à utilidade. Pareceu-me que ele estava voltando pra casa.
Ontem, ao sair mais tarde do São José, encontrei-o já chegando em São Sebastião e não resisti. Parei o carro, acenei pra ele e interrompi sua corrida, provavelmente no quilômetro 19. Queria entender e registrar um pouco de sua história, pra que sirva de exemplo à juventude de São Sebastião. Não tinha máquina fotográfica, mas registrei sua chegada em São Sebastião com meu celular. Perdoem os possíveis defeitos da imagem.
Finalmente, apresento aos alunos da minha escola um herói do cotidiano, um herói do esporte, um herói de São Sebastião. Sem patrocínio, ele tira do próprio bolso um meio de participar de competições em outros estados. Ele não corre por dinheiro, ele não corre pela fama, nem por lazer e diversão, nem para perder peso, mas por um dos motivos mais nobres de todos: corre para voltar para casa. Dos inúmeros troféus e das inúmeras medalhas que tem ele não faz questão de falar. Prefere antes vangloriar-se de que, aos 50 anos de idade, só frequentou hospitais para fazer os check-ups de rotina, necessários a quem corre tanto e tão rápido como ele. Eis Adair Gualberto.
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